Fui no mercado pra comprar cerveja e a caixa, uma jovem morena meio europeia meio latina, pediu a minha identidade. Ela leu meu nome e perguntou em português, num sotaque familiar: “você é brasileiro?” abrindo um sorriso encantador. Respondi que sim, retribuindo o sorriso. “Você também?” Ela: “Não. Sou mexicana. Mas já morei lá por dois anos”.”Seu português é muito bom. Achei que vc fosse. Parabéns”
O papo desenrolou com ela me contando da saudade que sente do nosso povo, e que vai voltar em julho pra ficar. “Eu adoro a música brasileira. A arte, a cultura, as praias, é uma coisa sem igual. E não encontro essa alegria de vocês em outros lugares. Talvez seja o clima, não é?”
O papo tava super bom até outro cliente chegar e eu me despedir, quase esquecendo as compras no caixa – encantado.
Voltei pedalando e pensando como nós, brasileiros, nos diminuímos. Compramos as crises de cachorro vira-lata e perdemos tempo com as críticas, com aquilo que nos separa. Sendo que é uma coisa ruim entre outras 500 coisas boas que nos unem. A alegria, o trabalho, a música, as artes, a nossa terra, a nossa comida… é preciso escutar outro de fora elogiando o seu país pra começar a dar valor. Espero que essa sujeira toda que apareceu se abaixe, que os vilões percam o mais rápido possível e que comecemos a focar no positivo, juntos. Temos tanta coisa boa que carregamos dentro da gente que às vezes nos esquecemos disso.