Xenofobia e Racismo – Até quando existirão essas fronteiras?

Nunca imaginei que iria passar por isso. Mas uma experiência mega desagradável aconteceu comigo na última semana. Eu poderia esperar anos para escrever sobre isso, mas não sei se estarei vivo amanhã para contar. Por isso decidi relatar neste post hoje mesmo.

Há 3 meses me mudei para os EUA, em meio a uma crise política e econômica que assola o Brasil. E pra piorar, vivemos uma década da desinformação e da indignação seletiva, onde acaba sendo natural as pessoas ficarem putas com tanta notícia ruim que que é divulgada todos os dias.

Vim para São Francisco no intuito de melhorar o meu inglês, aprender mais sobre os movimentos sociais e vivenciar uma imersão com as startups daqui. O que realmente está acontecendo (mais do que eu esperava) e me deixando cada vez mais apaixonado por esta cidade multirracial.

Acompanhando a corrida presidencial nos EUA, fiquei chocado com o posicionamento de candidatos como o Donal Trump, que diz que os imigrantes devem sair do país (!). Fora isso, o que mais me choca, é saber que existem pessoas que apoiam esse tipo de pensamento entre os Republicanos.

Mas oras, quem chegou primeiro? O que dizer dos nativos que viviam aqui e em toda a América (central e do sul)? Muitos morreram e continuam morrendo até hoje por conta dessa batalha por terras em toda a América.

imigrantes ilegais

Foi então que fui pego de surpresa, por uma pessoa alcoolizada, gritando palavras de ordem como “Go back home!”, “We fought forth for this country!”, “This is my house!”, “I don’t give a shit for you!” e outras frases que me fizeram pensar: o que eu fiz de errado?

Na realidade, nada demais. Estou fazendo aqui o que sempre fiz: trabalhando arduamente, estudando muito, participando de diversos eventos e reuniões com organizações locais. E talvez, digo talvez, esse movimento todo seja o que incomodou uma pessoa que, mesmo com os seus “papéis” e cidadania americana, carece de coragem pra levantar da cama e ir trabalhar, estudar e ocupar um espaço que muitos imigrantes estão ocupando com o resultado digno do trabalho deles.

Não fiquei triste com o que escutei. Não me rebaixei e nem pensei em voltar para o Brasil. Apenas me preocupei com a minha segurança física, em me manter vivo, ao saber que existem pessoas assim aqui, que abominam alguém “de fora” fazer sucesso nazamérica “deles”. Quanta ignorância.

Meses atrás um imigrante que estava ilegal matou uma jovem de 30 anos num pier mega visitado da cidade. Ele encontrou uma arma de fogo e, não sabem como, atirou na moça que estava acompanhada do pai dela. O caso gerou uma comoção e um grande debate sobre imigrantes na cidade, onde muitos vivem sem os “papéis” aqui.

O que é preciso ficar claro é que muitas pessoas se mudam, legalmente, por algum motivo relevante. Neste caso, do assassino, ele havia sido deportado para o México 5 vezes. E mesmo assim continuou voltando para o País ilegalmente.

Mas em outros casos, como o meu, que vim para estudar e vivenciar uma experiência diferente, é muito mais para somar do que subtrair oportunidades para os americanos. Eu vim para aprender com eles, ensinar o que temos de melhor da nossa cultura brasileira e mixar todas essas coisas boas. Não sou nenhum bandido, assassino ou mal caráter que irá fazer algo de ruim ou roubar a oportunidade de algum cidadão “local”.

Este caso me fez relembrar de como os nordestinos são tratados por ignorantes do Sul e Sudeste do Brasil, como em São Paulo e no Rio da Janeiro. A migração entre os Estados no País também gera muito preconceito e faz as pessoas acomodadas maltratarem aqueles que buscam uma vida melhor.

Quer um conselho? Não faça isso. Estude, trabalhe arduamente, seja alguém na vida. Se você acha que um imigrante ou quiçá migrante do seu próprio País, que chega com um sotaque quebrado, sem educação universitária e experiência profissional poderá pegar o seu lugar no mercado de trabalho, é porque você realmente merece isso.

Para mim, o mundo não têm fronteiras. Elas existem apenas para dividir os Países e suas economias. Mas nós, como animais de tetas, somos meros humanos com línguas, culturas e bagagens diferentes que passamos por uma globalização cada vez mais forte – e sem volta.

Acredito que num futuro próximo iremos vivenciar cidades multiculturais, com pessoas do mundo inteiro vivendo juntas. São Francisco é uma delas, onde o ônibus anuncia em três línguas (Inglês, Espanhol e Mandarim). Aqui você irá encontrar pessoas do mundo todo, com as suas manias mais diferentes e que você terá que aprender a respeitar.

Ao visitar o consulado descobri que somente são 60 mil brasileiros vivendo legalmente na cidade de São Francisco. Sendo que a população daqui chega nos 800 mil habitantes. É muita gente nessa penela miscigenada.

Um salve àqueles que abrem os braços para receber pessoas que se mudam buscando uma vida melhor. Um salve àqueles que respeitam o ser humano indiferente de onde ele vem. E um agradecimento do fundo do coração à todos aqueles que me receberam de braços abertos e estão me fazendo me sentir em casa, mesmo com tantos ignorantes globais que ainda existem nessa terra.

Sobre Gustavo Santi

Blogger @MKTfocus Partner at @LaboratoriumBr Articulist @Ecommerce_Br Twitter @gustavosanti
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Uma resposta para Xenofobia e Racismo – Até quando existirão essas fronteiras?

  1. Quanto mais pessoas diferentes convivendo junto, melhor!

    Acredito que as pessoas que ainda insistem em desqualificar alguém por etnia, crenças ou jeito de ser, precisam abrir os olhos para o mundo como ele é.

    A ignorância geralmente vem acompanhada pela falta de informação e a sobra de egocentrismo, assim eu acredito que as próximas gerações vão se adaptar melhor às pessoas que não são do seu convívio.

    Força meu amigo!

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